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Arquitetos: Bosch Arquitectos, Marta Maccaglia, Paulo Vale Afonso, Semillas
- Área: 985 m²
- Ano: 2013
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Fotografias:Paulo Vale Afonso / Marta Maccaglia
Contexto
A comunidade nativa de Chuquibambilla, localizada na alta selva peruana, é a zona produtora de café mais importante da parte oriental do distrito de Pangoa e é o centro cultural desta região. Sua população infantil é de aproximadamente 250 crianças, as quais estudam em péssimas condições. Alguns deles têm que percorrer longas distâncias ou não tem sequer acesso à educação. Sendo uma comunidade nativa indígena, seus habitantes vivem de acordo com sua cultura e costumes. Se dedicam à agricultura, à caça e à pesca. A comunidade não conta com eletricidade, água portável, nem sistema de esgoto.
Critérios Projetuais
O colégio em Chuquibambilla é um projeto com uma forte carga social, onde a comunidade faz parte do processo, e onde se investigam as necessidades e carências reais do terreno.
Mais que apenas um lugar de ensino nas horas escolares, a escola busca ser um lugar de desenvolvimento e intercâmbio para toda a comunidade, sempre vivo, onde pais, alunos e professores podem se encontrar, estudar e se divertir.
O programa está dividido em três módulos escolares e um módulo residencial dispostos em torno de um pátio central. Estes módulos contém as classes, área de administração e professores, uma sala multifuncional (biblioteca, oficinas, etc), uma sala de informática e a residência para estudantes.
O projeto conta com um amplo programa externo, através de um sistema de pátios cobertos e ao ar livre de escalas variadas, dispondo de espaços dedicados à diversas atividades que conectam os alunos à natureza e suas tradições: aulas ao ar livre, oficinas de arte, de argila, artesanato, agronomia, criação de animais, cultivos, etc. Os espaços estão conectados por um percurso sombreado que assume o posto de local efetivo de encontro e de uso, se convertendo em uma extensão do programa. Um edifício no qual os limites entre interior e exterior se mesclam para criar espaço público conectado com seu entorno.
Estratégia e processo
Ao invés de contar com um desenho estrutural anti-terremotos, a concepção do edifício combina materiais vernaculares e modernos, introduzindo sistemas construtivos modernos utilizando recursos locais.
A inclusão de mão de obra local permite a transferência de conhecimento através da experiência in loco. A ambição é criar um sentido de pertencimento entre os residentes e inspirar um processo de trabalho permanente em seu entorno.
O conforto climático é alcançado através da utilização de sistemas passivos, com atenção particular ao controle de insolação, ventilação e iluminação natural, reduzindo a necessidade de energia elétrica ao mínimo. A sala de computadores é alimentada com painéis solares. As águas cinzas são tratadas e reutilizadas para irrigação das áreas verdes.
O projeto, devido à suas especificidades contextuais e locais, foi desenvolvido através de um processo participativo com a comunidade. Workshops com os alunos, oficinas com os professores, jornadas de trabalho com voluntários e a população foram os instrumentos para aproximar esta comunidade culturalmente distinta à um intercâmbio de ideias.